Nona parada: Um olhar diferenciado – Van Gogh (Holanda)
Parceiros de viagem adoradores de café, seguimos com nossa aventura, partindo da França e chegando no ano de 1853, em Groot- Zundert, uma pequena aldeia holandesa, onde nascia Vincent Willem Van Gogh (1853-1890).
Filho de Theodorus Van Gogh, pastor calvinista, e Anna Cornelia Carbentus, artista plástica que passou seu amor pelo desenho e aquarela para seus filhos, recebeu o nome do irmão mais velho, Vincent, que faleceu quando bebê. Teve cinco irmãos mais novos, mas foi com Theo o estabelecimento do mais forte vínculo, que o acompanhou por toda a vida.
Teve cinco irmãos mais novos, mas foi com Theo o estabelecimento do mais forte vínculo, que o acompanhou por toda a vida.
Vincent com aproximadamente 13 anos
Estudou em diversos colégios internos quando criança. Na adolescência e início da juventude, atuou, durante alguns anos, na Galeria Goupil, uma importante empresa do século XIX sediada em Paris que comercializava reproduções de arte e, em seus anos de apogeu, comercializou obras originais. Pela Goupil viajou para diversos lugares como Paris, Bruxelas e Londres. Em 1876, sai da Goupil e volta a trabalha com evangelização e como professor.
É em 1880, então com 27 anos, e com o apoio financeiro do irmão Theo (que também trabalhava na Goupil e fez um importante trabalho de divulgação de obras de famosos pintores, como Degas) começa a se dedicar apenas para a pintura.
Sede da Galeria Goupil, em Paris
No período que produziu, um pouco mais de dez anos, criou mais de mil obras, entorno de 860 pinturas a óleo, sendo a maioria realizada em seus últimos anos de vida.
Primeiros desenhos
Seus primeiros desenhos e pinturas de mais séria exploração artística foram feitos entre os anos de 1881 e 1882, neste período viveu em diversas localidades como Etten e The Hague. Foi em The Hague que ele teve seu primeiro estúdio, fundado por seu primo Anton Mauve, que foi seu tutor. Foi com ele que começou a pintar com tinta a óleo, antes disso fazia desenhos e criava com aquarelas.
Seus primeiros desenhos e pinturas de mais séria exploração artística foram feitos entre os anos de 1881 e 1882.
É desta época dois desenhos com nosso querido cafezinho:
Homem idoso bebendo café (1882)
Homem idoso, com chapéu, bebendo café (1882)
Muda-se para Paris, em 1886, e entra em contato com o Impressionismo, recebendo grande influência, convivendo e sendo inspirado por Edgar Degas, Georges Seurat, Henri de Toulouse-Lautrec, Paul Signac, Émile Bernard e Paul Gauguin.
Van Gogh tinha grande admiração pela filosofia e obras orientais, em especial, as japonesas. Diversas de suas pinturas apresentam estas como referência. Um exemplo é Retrato de Pere Tanguv (1887):
Van Gogh tinha grande admiração pela filosofia e obras orientais, em especial, as japonesas.
Em busca de uma luz parecida com a Japonesa e seguindo recomendação de Lautrec, em 1888, pega um trem em direção ao sul da França e se estabelece na Vila de Arles.
A produção na Casa Amarela e a relação com Gaugin
Em Arles, pretendia formar uma colônia de artistas, mas foi apenas Paul Gaugin (1848-1903) que aceitou seu convite e se mudou para lá. Não existe clareza sobre este aspecto, mas alguns historiadores afirmam que Theo dava dinheiro para Gaugin se manter também em Arles.
Moraram na Casa Amarela (1888), retratada nesta tela:
E que dá o título à um filme, que conta sobre a convivência dos dois artistas.
É deste mesmo ano a primeira e única tela vendida em vida por Van Gogh Vinhedo Vermelho (1888).
Comprada por Anna Boch em uma exposição realizada em Bruxelas, em 1890, irmã de Eugene Boch, artista belga que havia sido tema de um retrato de Vincent alguns anos antes. Agora a obra se encontra no Museu Estatal Pushkin de Belas Artes, em Moscou.
A produção nesta época, como se pode perceber foi incrivelmente frutífera. É de 1888 também duas outras telas que levam “café” em seu nome:
Terraço do Café na Place du Forum, Arles, à Noite (1888) é uma de suas mais famosas obras. O café da pintura se mantém aberto, agora sobre o nome Café Van Gogh. No início dos anos 90, sua fachada foi pintada em tons de verde e amarelo, aproximando-a da forma com que é vista na tela.
O Café à Noite na Place Lamartine (1888) retrata o interior do café de la Gare:
A produção nesta época, como se pode perceber foi incrivelmente frutífera. É de 1888 também duas outras telas que levam “café” em seu nome.
Foi um período de enorme criação para ambos os pintores e também de muitas discussões. Gaugin escreve para Theo falando sobre a dificuldade da relação:
“Vincent e eu não podemos simplesmente viver juntos em paz, devido à incompatibilidade de temperamentos”.
Em 23 de dezembro deste mesmo ano, Gaugin e Vincent têm uma grande briga e Vincent acaba com o lóbulo de sua orelha cortada. Existem duas versões para o acontecimento.
Em uma, Van Gogh se arrepende de ter ameaçado Gaugin com uma navalha e corta um pedaço de sua orelha. Em outra, Gaugin, que era muito bom em esgrima e arranca um pedaço da orelha de Van Gogh em uma briga. Para que ele não ficasse envergonhado, inventam que Van Gogh cortou sua própria orelha. A versão oficialmente aceita é a primeira. Em ambas, Van Gogh entrega a parte da sua orelha à uma amiga, que era também prostituta, e pede para cuidar dela.
Com este ocorrido, Van Gogh pinta dois auto-retratos com a orelha cortada, um deles, abaixo:
Um documentário da BBC O mistério da orelha de Van Gogh (apenas em inglês) investiga este que é um dos maiores mistérios do mundo artístico.
Esta situação põe um fim no sonho de Van Gogh de montar uma comunidade de pintores. Ele começa a entrar em um processo de depressão e se apoia mais em seu irmão.
O fim de sua vida
Com a depressão, se interna voluntariamente em um sanatório em uma cidade vizinha. Então, volta as atividades e é quando sua forma de pintar muda: de pequenas pinceladas para pinceladas espirais e curvas. Este é um período também de intensa produção.
Sua forma de pintar muda: de pequenas pinceladas para pinceladas espirais e curvas.
Suas crises continuam e em 27 de julho de 1890, na versão mais aceita pelos historiadores e oficialmente pelo Museu Van Gogh em Amsterdã, é que ele saiu para atirar em gralhas no campo e acaba dando um tiro em seu próprio peito. Após o ocorrido ainda teve forças para voltar para casa onde morreu dois dias depois nos braços do irmão Theo, aos 37 anos de idade.
Após uma tentativa infrutífera de persuadir a galeria de Durand-Ruel a realizar uma exposição memorial retrospectiva das pinturas de Vincent, Theo improvisa no seu antigo apartamento em Paris uma primeira retrospectiva póstuma das obras de seu irmão, realizada em 20 de setembro de 1890 com o auxílio de Emile Bernard.
Depois da morte do irmão, Theo cai em profunda depressão e morre seis messes depois, deixando a esposa e um filho chamado Vincent, nascido em janeiro do mesmo ano.
A relação de Vincent e Theo é contata no filme Vincent e Theo.
As cartas de Van Gogh
Dizem que as cartas escritas por Van Gogh são uma janela para seu universo. Após quinze anos de intensa pesquisa, o Museu Van Gogh e a Huygens ING tornam disponíveis todas as cartas de Van Gogh online, traduzidas para o inglês.
São 902 cartas e 25 manuscritos relacionados. Eles podem ser acessados por período, lugar e correspondente.
As cartas escritas por Van Gogh são uma janela para seu universo.
Para conhecer mais sobre Van Gogh recomendamos o filme Os Grandes Artistas, com legendas em português.
Este ano, ainda vai ser lançada a primeira animação longa metragem sobre um pintor. Ela demorou seis anos para ser produzida e reuniu 115 pintores e quase 450 telas de pinturas a óleo que vão de paisagens a retratos. Vale a pena ficar atento nas notícias e conferir! Segue o trailer para dar um gostinho.
Depois desse mergulho nesta vida e obra, qual será nossa próxima visita? Acompanhem e comentem!
Até a próxima parada, em mais um Café com Arte!
Não deixe de ler:
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Carol Lemos – jornalista, mudou-se de São Paulo para Alto Paraíso, onde encontra inspiração para escrever e cuidar dos pequenos Uirá Alecrim e Dhyan Eté. Carol escreve semanalmente para o blog do Grão Gourmet. E-mail: carolinalcoimbra@gmail.com.
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Amei esta publicação sobre Arte e café…sou professora de Educação Infantil e terminei ano passado a graduação em Artes…..achei muito interessante e quero acompanhar todas as paradas…PARABÉNS!!!!