
Ele é conhecido no mundo por suas invenções, estudos e pela criação do primeiro modelo de dirigível e de avião. O que poucos sabem, porém, é que Alberto Santos Dumont teve seus estudos patrocinados pelo pai, o grande barão do café do século XVIX, Henrique Dumont.
Segundo a historiadora Ana Luiza Martins, foi na fazenda de café que o “pai da aviação” teve os primeiros contatos com máquinas e um interesse imediato por engenhocas.
“Vivi ali uma vida livre, indispensável para formar o temperamento e o gosto pela aventura. Desde a infância eu tinha uma grande queda por coisas mecânicas e, como todos os que possuem ou pensam possuir uma vocação, eu cultivava a minha com cuidado e paixão. Eu sempre brincava de imaginar e construir pequenos engenhos mecânicos, que me distraíam e me valiam grande consideração na família. Minha maior alegria era me ocupar das instalações mecânicas de meu pai. Esse era o meu departamento, o que me deixava muito orgulhoso”, depoimento de Alberto Santos Dumont publicado no livro Notre interview de Santos Dumont, Lecture pour tous. [REICHEL, Frantz. Notre interview de Santos Dumont, Lecture pour tous. Paris: no 7, jan. 1914, p. 591-592]
Alberto Santos Dumont nasceu no dia 20 de julho de 1873 no sítio Cabangu (Minas Gerais), local que hoje é conhecido como município de Palmira e foi rebatizado em honra a ele. Ainda pequeno teve seu primeiro contato com café e as máquinas de beneficiamento da fazenda quando a família se mudou para Valença (RJ) e começou a se dedicar à cafeicultura.
Tempos depois, seu pai comprou a Fazenda Andreúva, cerca de 20 km de Ribeirão Preto (interior de São Paulo) e logo percebeu o fascínio do filho pelas máquinas. Foi nessa época que, com os 1.200 alqueires de café, a família fundou a Dumont Coffee Company e ganhou fama em todo o mundo.
Engraçado imaginar que nós temos aviões hoje por conta de um brasileiro que foi criado pelo café, não é mesmo?! De acordo com a autora do livro História do Café, Ana Luiza Martins, há uma carta muito curiosa, localizada no Museu Santos Dumont em Petrópolis, do pai Henrique para o filho. Nesse documento, “ele dizia ‘meu filho, não se preocupe absolutamente com nada. Você só cuide de seus estudos, de seus inventos, porque seu pai aqui está ganhando muito dinheiro com o café'”, completa a historiadora.
Agora, quando você pegar seu próximo avião, agradeça ao café!
Imagens:
1. Blog Santa Rosa Deviterbo
2. Site De Campe
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