Por Janice Kiss
O ano de 2015, que acabou de ser encerrado, foi um período de perdas para as commodities agrícolas brasileiras nas bolsas de Chicago e de Nova York. Entre elas (soja, milho, trigo, açúcar, suco de laranja e algodão) está o café, com queda de 24% nos contratos futuros (arábica) em Nova York.
Atribui-se em grande parte a essa queda a relação confortável entre oferta e demanda e a desvalorização das moedas dos principais países produtores, como Brasil e Colômbia.
Para Lúcio Dias, superintendente comercial da Cooperativa Regional de Cafeicultura (Cooxupé), no sul de Minas Gerais, e a maior exportadora de café do país, o mercado vai continuar equilibrado [oferta e procura] em 2016. “Porém, vamos precisar de uma safra com forte excedente porque a demanda por café só tende a crescer”, comenta. Conforme divulgação recente da Organização Internacional do Comércio (OIC), o consumo mundial de café foi revisado para cima, com crescimento anual de 2,4% nos últimos quatro anos.

Café sim, mas não qualquer um
Embora os investidores insistam na previsão de preços baixos para o grão, as exportações brasileiras continuam firmes. No ano passado, o país reforçou sua posição de maior exportador global ao embarcar 36,89 milhões de sacas (60 kg) – apesar de dois anos de forte estiagem para a cafeicultura – em comparação as 36,42 milhões de sacas, em 2014, de acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Entretanto, Lúcio Dias, da Cooxupé, aponta para um mercado (dentro e fora do país) cada vez mais exigente pela qualidade do grão. “Basta ver o espaço alcançado pelos cafés especiais”, diz. Conforme dados da Brazil Speciality Coffee Association (BSCA) esse tipo de produção cresce entre 10% e 15% ao ano.
Estima-se que cerca de 10% da safra nacional (43,2 mil sacas no ciclo 2014/2015) seja composta por cafés especiais. “Quem não evoluir para atender esse perfil de negócios estará com o futuro contado”, comenta.
Imagem: Reuters e Cooxupé/Divulgação