Seleção de Grãos
Terminada a secagem, é feito o beneficiamento dos grãos. O objetivo dessa etapa é descascar o café em coco (seco e ainda com a casca) e separar a casca e o pergaminho, eliminando as impurezas como terra, torrões e pedras ao máximo. A quebra de grãos deve ser a menor possível.
A primeira etapa do beneficiamento é chamada bica de jogo ou limpeza, onde são retiradas as impurezas através de uma peneira oscilante com malha de diversos diâmetros instalada abaixo das tulhas de armazenamento do café em coco.
Após passar pela bica, os grãos seguem para o catador de pedras, que separa as impurezas mais pesadas.
Feita a limpeza, os grãos seguem para o descascador, um equipamento que consiste em um cilindro com paredes perfuradas e escameadas, com barras giratórias no interior. Ao passar pelo descascador, o grão é comprimido contra a parede ao girar, quebrando sua casca (quando há) e o pergaminho. Pelas perfurações do cilindro passam os grãos de café, as cascas e pergaminhos que foram retirados. Estes são separados dos grãos através de uma coluna pneumática que os aspira através do ventilador e os retira do processo.
Uma peneira circular chamada sururuca separa o café descascado através da força centrífuga gerada pelo seu movimento. O café mais denso, descascado, é jogado para a periferia da peneira e o café não descascado é jogado ao centro da peneira, retornando ao descascador.
O café descascado é encaminhado ao catador de escolha por gravidade. Nesse catador são separados os grãos defeituosos, isto é, quebrados, mal granados e chochos, que possuem menor densidade. Um fluxo de ar ascendente faz a separação desses grãos, que são conduzidos até a parte superior da coluna, alimentando uma bica que ensaca o chamado café escolha. O café sem defeitos segue para outro ensacamento.
O rendimento médio do beneficiamento é de cerca de 50% em peso, ou seja, 2 kg de café em coco produzirão 1 kg de café beneficiado.

Os classificadores para café beneficiados são os equipamentos utilizados para tal fim. A primeira etapa do rebenefício é a catação de pedras que ainda podem estar presentes, feita em mesa oscilatória que separa o material em duas frações: café (leve), que sai na parte mais baixa da mesa e pedras (pesado), que saem na parte mais alta.
Feita a catação, o café alimenta o sistema de peneiramento que separa o café chato (circular) e o café moca (alongado), em diversas frações, dependendo da comercialização do produto. Segue abaixo uma classificação geral, onde o número da peneira corresponde ao numerador da fração 1/64 de polegada:
- Chato grosso: peneiras 17, 18, 19 e 20
- Chato médio: peneiras 15 e 16
- Chato miúdo: peneiras 12, 13 e 14
- Moca graúdo: peneiras 12 e 13
- Moca médio: peneiras 10 e 11
- Moca miúdo: peneira 8 e 9
Os grãos miúdos, chochos e quebrados, que não foram retirados no catador de escolha, ficam no fundo do peneiramento.
Os grãos classificados podem ainda passar por uma peneira vibratória inclinada (air float) que recebe injeção de ar por baixo. Assim, os grãos pesados vão para o fundo e os leves (mal granados, chochos) ficam na camada de cima. O movimento da peneira faz com que os grãos pesados movimentem-se para a parte superior, enquanto os leves descem e são recolhidos na parte inferior.
Para uma melhor seleção, também podem ser utilizados os catadores eletrônicos, que funcionam através de células fotoelétricas. Nesses catadores os grãos que estiverem em desacordo com o padrão de cor pré-estabelecido são eliminados.
A catação manual em mesas coletivas ou individuais também é utilizada, mas a qualidade varia com fatores pessoais.
O café beneficiado é chamado de café verde e pode ser armazenado de duas formas:
- Em sacarias de juta de 60 kg, com empilhamento manual nos armazéns
- A granel, em big bags, com empilhamento mecanizado, o que reduz a necessidade de mão de obra.
É importante que as condições do armazenamento sejam adequadas com relação à temperatura, ventilação, limpeza e umidade, visando a qualidade final do produto.
Referências: Livro “Qualidade de café” (2003)